Um filósofo norte-americano – sim nos Estados Unidos também existem filósofos, por incrível que pareça – chamado John Rawls, colocou a seguinte “solução” para o problema de como se estabelecer uma sociedade justa: Basta que se reúna algumas pessoas e que estas criem as leis que regerão a dita para todo o sempre. Mas – as conjunções adversativas sempre aparecem para estragar a festa – os responsáveis por tal elaboração devem morrer logo em seguida para renascer em posições sociais aleatórias. Trocando em miúdos: Um certo número de pessoas elabora algumas leis, essas pessoas sabem que irão morrer e renascer, mas não sabem em que condições sociais.
Na verdade, Rawls lança essa idéia como uma maneira de mostrar a impossibilidade de se elaborar leis totalmente justas (desculpem-me a interpretação rasteira). O desejo de poder sempre nublará essa intenção. Entretanto, achei a idéia extremamente interessante. Imaginem só: grandes empresários, “velhas raposas” da política e presidentes de multinacionais sentados em um grande parlamento, discutindo a elaboração de leis que não prejudiquem seus negócios, mas esperem aí! Que negócios? Eles sabem que morrerão logo após elaborar as leis, e – pior ainda – que podem voltar como um assalariado, um desempregado ou uma mulher (esqueci de mencionar que os sexos também podem ser trocados no “renascimento”). A situação seria no mínimo interessante.
- Temos que criar uma lei que garanta mão de obra barata. Diz o presidente de uma grande multinacional.
- É... E se voltarmos justamente dentro dessa “mão de obra barata”? Indaga aquele político corrupto de um “agradável” país “em desenvolvimento”.
- É necessário que as multinacionais abram mão de seus lucros exorbitantes, vamos garantir que os pobres trabalhadores tenham um salário digno. Conclui o mesmo político.
- Certo. Então vamos criar mecanismos eficientes de combate à corrupção e estabelecer uma fiscalização popular do poder público. Retruca o mega empresário, com um sorriso de desdém.
- Calma, calma; não vamos exagerar, deve haver um meio termo. O presidente de um país “desenvolvido” resolve se manifestar.
Uma profusão de vozes, gritos por toda parte, todos resolvem falar ao mesmo tempo. Os mais exaltados já saltam a bancada e partem para a agressão. Ao fundo do parlamento um distinto senhor apenas ri. Estava na “roda do poder” desde 1964, participou de uma ditadura militar, assumiu cargos de confiança em todos os governos subseqüentes, enfim, um “político” experiente.
- Senhores, senhores, por favor.
De tanto insistir a confusão diminui e todos retornam aos seus lugares. Estão irreconhecíveis. Descabelados, ternos “Armani” rasgados, hematomas espalhados. O clima estava pesado. Mas o “distinto senhor” continuava rindo.
- Cavalheiros, não vejo razão para brigas e discussões. Sugiro um recesso. Quando todos estiverem à vontade para decidir, decidiremos. Não tenham pressa, levem o tempo que for preciso...
Pois é, acho que a idéia não ia dar muito certo mesmo...
Na verdade, Rawls lança essa idéia como uma maneira de mostrar a impossibilidade de se elaborar leis totalmente justas (desculpem-me a interpretação rasteira). O desejo de poder sempre nublará essa intenção. Entretanto, achei a idéia extremamente interessante. Imaginem só: grandes empresários, “velhas raposas” da política e presidentes de multinacionais sentados em um grande parlamento, discutindo a elaboração de leis que não prejudiquem seus negócios, mas esperem aí! Que negócios? Eles sabem que morrerão logo após elaborar as leis, e – pior ainda – que podem voltar como um assalariado, um desempregado ou uma mulher (esqueci de mencionar que os sexos também podem ser trocados no “renascimento”). A situação seria no mínimo interessante.
- Temos que criar uma lei que garanta mão de obra barata. Diz o presidente de uma grande multinacional.
- É... E se voltarmos justamente dentro dessa “mão de obra barata”? Indaga aquele político corrupto de um “agradável” país “em desenvolvimento”.
- É necessário que as multinacionais abram mão de seus lucros exorbitantes, vamos garantir que os pobres trabalhadores tenham um salário digno. Conclui o mesmo político.
- Certo. Então vamos criar mecanismos eficientes de combate à corrupção e estabelecer uma fiscalização popular do poder público. Retruca o mega empresário, com um sorriso de desdém.
- Calma, calma; não vamos exagerar, deve haver um meio termo. O presidente de um país “desenvolvido” resolve se manifestar.
Uma profusão de vozes, gritos por toda parte, todos resolvem falar ao mesmo tempo. Os mais exaltados já saltam a bancada e partem para a agressão. Ao fundo do parlamento um distinto senhor apenas ri. Estava na “roda do poder” desde 1964, participou de uma ditadura militar, assumiu cargos de confiança em todos os governos subseqüentes, enfim, um “político” experiente.
- Senhores, senhores, por favor.
De tanto insistir a confusão diminui e todos retornam aos seus lugares. Estão irreconhecíveis. Descabelados, ternos “Armani” rasgados, hematomas espalhados. O clima estava pesado. Mas o “distinto senhor” continuava rindo.
- Cavalheiros, não vejo razão para brigas e discussões. Sugiro um recesso. Quando todos estiverem à vontade para decidir, decidiremos. Não tenham pressa, levem o tempo que for preciso...
Pois é, acho que a idéia não ia dar muito certo mesmo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário