Existem coisas que só ocorrem em uma mesa de bar, bem como assuntos que nascem e morrem neste “divã etílico”. A mesa de bar possui a sacralidade confessional, tal qual seu equivalente católico, é permeada de símbolos e cumplicidade. Tudo que é dito e ouvido é prontamente esquecido, mesmo que para isso todos tenham que sofrer a famigerada amnésia alcoólica.
Os habitués de bares e similares sabem do que estou falando; aqueles momentos únicos onde – por um brevíssimo instante – a pessoa ao seu lado torna-se inacreditavelmente confiável, nossos mais íntimos segredos são despejados freneticamente em ouvidos sequiosos de cumplicidade.
Pois bem, após anos “confessando meus pecados” em mesas de bar, tive a oportunidade de sentir na pele como o outro lado encara a situação. Normalmente, a pessoa mais sóbria da mesa ouve com atenção as confissões alheias; neste dia coube a mim este papel...
Pois bem, após anos “confessando meus pecados” em mesas de bar, tive a oportunidade de sentir na pele como o outro lado encara a situação. Normalmente, a pessoa mais sóbria da mesa ouve com atenção as confissões alheias; neste dia coube a mim este papel...
- Tens alguma tara?
Fuzilou um amigo sentado ao meu lado.
- Olha, até tenho. Qual a razão da pergunta?
Respondi um tanto quanto desconfiado.
- Eu tenho...
Voz pastosa e olhos perdidos no espaço. Após uma breve pausa continuou:
- Não sei bem se é uma tara, quer dizer, eu acho que é, mas pode ser apenas um fetiche... Na verdade, também pode ser apenas um desejo muito forte...
- Sei...
Afastei-me um pouco, olhando para os lados a procura de ajuda futura.
- Qual e a tua tara?
- Bem, na verdade eu...
- Ahh... com certeza não é mais estranha que a minha... não que eu me orgulhe dela, mas... sabes como é...
- Sei...
Não sabia de nada, tara é tara, por mais estranha que seja. Há tempos as diversas modalidades de sexo deixaram de chocar, estava começando a ficar curioso...
- Sei...
Afastei-me um pouco, olhando para os lados a procura de ajuda futura.
- Qual e a tua tara?
- Bem, na verdade eu...
- Ahh... com certeza não é mais estranha que a minha... não que eu me orgulhe dela, mas... sabes como é...
- Sei...
Não sabia de nada, tara é tara, por mais estranha que seja. Há tempos as diversas modalidades de sexo deixaram de chocar, estava começando a ficar curioso...
- Sim, me conta aí que tara tão diferente é essa (Mais uma cerveja pro nosso amigo aqui, garçom!).
- Olha... não que seja muito estranha, mas tenta não falar pra ninguém certo?
- Que é isso? Sabes que o que me falares aqui morre aqui, não te preocupes.
- Certo... mas olha, é que eu acho que existem certos tabus e...
- Fala logo!
A curiosidade falou mais alto que o medo.
- Anões besuntados...
- Anões besuntados?
- Isso...
- Mas besuntados como? Não entendi...
- Em óleo, sabe? Vários anões banhados em óleo... qualquer óleo de cozinha já serviria...
- Óleo de cozinha?
- Isso, tipo “Soya”, entendeu?
- Entendi...
Comecei a ficar preocupado.
- E tem mais...
- Mais???
Perguntei incrédulo, era impossível a coisa ficar ainda mais estranha.
- Um dos anões...
Começou a falar em voz baixa e com os olhos arregalados.
- Um dos anões tem que ser albino e estar besuntado com manteiga de lata...
Neste ponto a preocupação novamente cedeu lugar à curiosidade.
- Mas porque manteiga de lata? Não serve a de pote?
- Não... tem que ser de lata... de pote não pode...
- Sei... Mas por que apenas um anão albino? Por que não todos?
- Todos? Não, nem pensar. Isso seria uma perversão inaceitável! Fugiria totalmente dos padrões de normalidade de uma tara!
- É verdade...
6 comentários:
Obrigado, fico realmente feliz que tenha gostado.
criativo.....as histórias de bar são sempre muito boas......tá bem redigida..... no meio da leitura pensei que era eu mesmo a esá ai lado dessa figura tarada por anôes.......rsss forte abraço....continue escrevendo vc tem talento......
ah revelar minhas historias nao vale neh=\ eu confiei segrredo pow
Ah! ... As confissões de bar! Só nao piores que as das pessoas dos "15 minutos de fama"! Desesperadas pra voltar a TV... coitadas!
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