Um diálogo do filme chamado “O Nome da Rosa” baseado no romance homônimo de Umberto Eco servirá de tema para este texto, não me recordo se está presente no livro e por preguiça de procurar ficarei com o que vi na película. Segue a curta, porém significativa, afirmação de Guilherme de Baskerville, interpretado por Sean Connery:
Deitados em seus catres num mosteiro italiano no ano de 1327, Guilherme de Baskerville – um sábio monge franciscano encarregado de investigar uma série de assassinatos ocorridos no mosteiro – e seu aprendiz, Adson, falam sobre o amor; o assunto é levantado por este último que, levado pela culpa de ter se envolvido carnalmente com uma mulher, procura a orientação de seu mestre.
Guilherme de Baskerville:
- A vida seria tão cheia de paz sem o amor, Adson. Tão segura; tão tranqüila e tão monótona...
Não é o tema central da história, é abordado “en passant” pelos personagens, mas ainda assim é explorado com maestria. Guilherme de Baskerville resume de maneira exata os efeitos do amor. O amor é justamente aquilo que nos tira a paz, nos deixa inseguros, inquietos, mas é o que faz a vida ter sabor, que nos faz ter pelo que viver.
Fala-se daquele amor que arrebata, que coloca a razão como uma espécie de característica humana secundária. A monotonia da vida é quebrada por estes momentos de loucura, onde – por um breve momento – deixamos de ser a pessoa mais importante do mundo para dar este lugar a outro ser.
Pequenas demonstrações de comportamento insano surgem nos mais inusitados momentos:
Três da manhã, a namorada (ou caso, amante, parceira etc) liga para o companheiro.
- Oi, sou eu.
- Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem?
- Onde você está?
- Em casa oras, deixei você em casa e vim dormir...
- Então me espera aí fora, estou saindo, só vou passar pra te dar um beijo.
- Um beijo?
- É, só um beijo. Chego, te beijo e vou embora.
- ...
E ela vai realmente só dar um beijo; não quer mais nada, só isso. Um beijo e nada mais. A paz, a tranqüilidade e a segurança foram trocadas por um único beijo. A monotonia da vida foi quebrada por um breve momento. Entretanto, uma vez quebrado o marasmo, a mente (ou o coração, para os românticos) precisa de uma dose maior para obter o mesmo efeito. As pequenas loucuras deixam de ser pequenas e a pessoa quer mais:
- Ai amiga, você acha que ele vai gostar?
- Não sei... acho que está um pouco... hum... bem, exagerado.
- Exagerado?
- É, os doze outdoors com “eu te amo bizu bizu” no caminho do motel, a limusine com chofer, a suíte presidencial, fantasia de coelhinha da páscoa com cestinha e tudo e um quarteto de cordas no quarto... não sei... acho que é demais.
- Acho que você tem razão... vou tirar a cestinha.
Mas tudo que é bom, um dia acaba. Cria-se uma tolerância, o parceiro não sente mais a emoção das loucuras de amor. Não se empolga e precisa de uma dose de loucura amorosa ainda maior. Quando este ponto é alcançado, o melhor a fazer é acabar o relacionamento e procurar outro alvo de loucuras:
- O que foi meu “bizu bizu” não gostou da surpresa?
- É... gostei... é que...
- Já sei, exagerei! Foi isso, não foi?
- Não, não...
- Foi o quarteto de cordas...sei que foi...você ficou tímido...eu deveria ter imaginado...
- O quarteto estava ótimo...
- Então foi a fantasia de coelhinha da páscoa, só pode... você não gostou...
- Eu adorei a fantasia... é que... não sei... faltou alguma coisa...
- Faltou? Como? O que?
- Não tenho certeza... talvez, só para dar mais realismo... você poderia ter usado uma cestinha...
Deitados em seus catres num mosteiro italiano no ano de 1327, Guilherme de Baskerville – um sábio monge franciscano encarregado de investigar uma série de assassinatos ocorridos no mosteiro – e seu aprendiz, Adson, falam sobre o amor; o assunto é levantado por este último que, levado pela culpa de ter se envolvido carnalmente com uma mulher, procura a orientação de seu mestre.
Guilherme de Baskerville:
- A vida seria tão cheia de paz sem o amor, Adson. Tão segura; tão tranqüila e tão monótona...
Não é o tema central da história, é abordado “en passant” pelos personagens, mas ainda assim é explorado com maestria. Guilherme de Baskerville resume de maneira exata os efeitos do amor. O amor é justamente aquilo que nos tira a paz, nos deixa inseguros, inquietos, mas é o que faz a vida ter sabor, que nos faz ter pelo que viver.
Fala-se daquele amor que arrebata, que coloca a razão como uma espécie de característica humana secundária. A monotonia da vida é quebrada por estes momentos de loucura, onde – por um breve momento – deixamos de ser a pessoa mais importante do mundo para dar este lugar a outro ser.
Pequenas demonstrações de comportamento insano surgem nos mais inusitados momentos:
Três da manhã, a namorada (ou caso, amante, parceira etc) liga para o companheiro.
- Oi, sou eu.
- Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem?
- Onde você está?
- Em casa oras, deixei você em casa e vim dormir...
- Então me espera aí fora, estou saindo, só vou passar pra te dar um beijo.
- Um beijo?
- É, só um beijo. Chego, te beijo e vou embora.
- ...
E ela vai realmente só dar um beijo; não quer mais nada, só isso. Um beijo e nada mais. A paz, a tranqüilidade e a segurança foram trocadas por um único beijo. A monotonia da vida foi quebrada por um breve momento. Entretanto, uma vez quebrado o marasmo, a mente (ou o coração, para os românticos) precisa de uma dose maior para obter o mesmo efeito. As pequenas loucuras deixam de ser pequenas e a pessoa quer mais:
- Ai amiga, você acha que ele vai gostar?
- Não sei... acho que está um pouco... hum... bem, exagerado.
- Exagerado?
- É, os doze outdoors com “eu te amo bizu bizu” no caminho do motel, a limusine com chofer, a suíte presidencial, fantasia de coelhinha da páscoa com cestinha e tudo e um quarteto de cordas no quarto... não sei... acho que é demais.
- Acho que você tem razão... vou tirar a cestinha.
Mas tudo que é bom, um dia acaba. Cria-se uma tolerância, o parceiro não sente mais a emoção das loucuras de amor. Não se empolga e precisa de uma dose de loucura amorosa ainda maior. Quando este ponto é alcançado, o melhor a fazer é acabar o relacionamento e procurar outro alvo de loucuras:
- O que foi meu “bizu bizu” não gostou da surpresa?
- É... gostei... é que...
- Já sei, exagerei! Foi isso, não foi?
- Não, não...
- Foi o quarteto de cordas...sei que foi...você ficou tímido...eu deveria ter imaginado...
- O quarteto estava ótimo...
- Então foi a fantasia de coelhinha da páscoa, só pode... você não gostou...
- Eu adorei a fantasia... é que... não sei... faltou alguma coisa...
- Faltou? Como? O que?
- Não tenho certeza... talvez, só para dar mais realismo... você poderia ter usado uma cestinha...
5 comentários:
Haehuaehuaehu. Eu não sei o que é pior: tu não atualizares teu blog e mesmo assim fazer propaganda ou eu, depois de anos, deixar a preguiça de lado e vir ler este texto. Muito bom, por sinal. Não muito diferente de todos os outros, igualmente vicioso. Abração, Eduardo.
sem nada para fazer nesta maldita universidade(ah...só o curso) e parei pra ler teu blog(atualizado, mas li as postagens ateriores por lezeira:D)
amei o texto... o amor é uma coia estranha mesmo, mas também, o que é comum nesse mundo???
bjos profº!
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