quarta-feira, janeiro 23, 2008

Vai de Retro Cururu!

Cururu "realizando a vontade de seus eleitores"

Agora sim! Descoberta a cura para todos os males políticos que assolam a terra escolhida por Deus (afinal, Ele não é brasileiro?).

Reforma política? Não! Conscientização popular na hora do voto? Não! Combate à corrupção? Claro que não! Paredão de fuzilamento para todos os políticos? Não! (embora seja um caso a se pensar...).

A solução veio de Pelotas - RS e é de responsabilidade do vereador Cláudio Roberto dos Santos Insaurriaga (carinhosamente chamado de Cururu) do Partido Verde (PV). E qual seria a solução mágica para a politicagem brasileira? Seguindo a moda de diversas denominações religiosas, o não-convencional vereador pelotense resolveu exorcizar - literalmente - a Câmara Municipal. Não acredita? Confira a notícia aqui.

Certo, na verdade foi encontrado um pequeno caixão com sete bonecos com fotos de vereadores, o "exorcismo" foi para "desfazer o trabalho de magia negra". Cada um crê no que quiser, mas ocupar o tempo da Câmara Municipal com esse tipo de coisa é uma afronta ao contribuinte (sem falar no ridículo).

Só espero que a pessoa que fez o "trabalho" não rogue uma praga ao sincrético vereador, transformando-o em um "Sapo-Cururu"; afinal, bastam as "Raposas" que integram nossa fauna política.


segunda-feira, janeiro 07, 2008

A naturalidade prostitutiva dos "primatas inferiores"

Virou moda falar que hoje em dia o sexo é visto como mercadoria, que a sociedade “judaico-cristã-ocidental-capitalista”, em sua ânsia de lucrar com absolutamente tudo, transformou o que era “puro e natural” em algo “baixo e vulgar”.
Certo, o sexo como produto de consumo existe desde os tempos bíblicos – não é um fenômeno do “capital”, este apenas o acentuou – mas sempre foi visto como uma corrupção humana, algo que contraria a “ordem natural” das coisas.
Nas palavras do deputado Gerson Peres (PP – PA): "a mercantilização do sexo é um absurdo e um desrespeito à moralidade" (clique aqui para ver a declaração na íntegra, bem como a reportagem completa sobre a legalização da prostituição).
Interessante notar o poder que a natureza tem em derrubar crenças humanas: Macacos pagam por sexo, revela estudo.

Não estranhem se a partir de agora a ciência for acusada de imputar “maldade” onde não há, quando o que realmente há é uma satanização daquilo que deveria ser visto como natural...

Estranheza Filosófica

Habituei-me às mais diversas reações à fatídica pergunta: O que você faz da vida? Levando-se em consideração que não estão interessados nos detalhes de minha vida pessoal – ou estão, mas têm vergonha de perguntar – presumo que queiram saber sobre minha vida profissional. Uma pergunta aparentemente inócua, que tem por objetivo “quebrar o gelo” e obter um mínimo de informação para que se possa criar um “gancho” para prolongar a conversa.
Após oferecer a resposta, notei que meus interlocutores podem ser classificados em categorias:

Situação: “Festa íntima”, isto é, um monte de gente reunida, som ambiente (invariavelmente Maria Rita), bebida e várias rodas de conversa.

(Amigo em comum)
- Fulano, este é o Eduardo (eu)
(Fulano)
- Prazer...
(Eu)
- Prazer não, satisfação, o prazer vem depois... (para descontrair)
(Fulano)
- É verdade he he he (risada constrangida), e aí? O que você faz da vida?

Pronto! Mal começou e eis que surge a pergunta!

(Eu)
- Sou professor... (com a esperada expressão de quem carrega uma monumental cruz) – para tentar encerrar a conversa por aí emendo rápido: E você?
(Fulano)
- Arquiteto. Professor de quê? (defendeu e partiu para o ataque, justamente o que eu queria evitar).
(Eu)
- Filosofia...
(Fulano)
- Sério? Nossa! Nunca conheci um; espera aí. Ei! Sicrano! Vem cá! Olha só isso! Ele é professor de Filosofia!

Este pertence à categoria “Tenho uma coisa exótica para mostrar às outras pessoas”.

(Sicrano)
- Você é professor de Filosofia mesmo?
(Eu)
- Sou...
(Sicrano)
- ... (categoria “mudo”)

Outras categorias de interlocutores:

O “curioso”:
- Mas por que você fez isso?

O “ontológico”
- Em sua opinião, o que você acha que somos enquanto seres dotados de existência-racional (!)

O “religioso”
- Ah! Então você também é ateu, não?

O “literário”
- Com certeza você já leu Paulo Coelho! As grandes perguntas da humanidade são respondidas por ele! (pois é...)

Diversas categorias poderiam ser citadas com base nas reações que já tive o (des) prazer de observar. Entretanto, o pior são os comentários assim que viro de costas.

- Nossa! Já encontrei de tudo nesta festa. Acredita que aquele careca perto da porta é um grande guru que, além de dizer ser a reencarnação de Sidarta Gautama, consegue orgasmos múltiplos através da contemplação da alcachofra?
- Isso não é nada... Está vendo aquele barrigudo tomando cerveja na boca da lata?
- Estou.
- Ele é professor de Filosofia!
- Uau... Cada coisa né?


O professor de Filosofia é visto como uma coisa estranha; ser professor tudo bem, existem pessoas com tendências masoquistas, mas de Filosofia é demais!

Com o objetivo de aproximar a Filosofia do “mundo real”, segue um vídeo do grupo humorístico inglês “Monty Python” que une o “amor pelo saber” com a “paixão nacional”.




sábado, janeiro 05, 2008

A volta

Após um longo e não tão tenebroso verão (nesta terra abençoada não há inverno), " O Cardíaco" retorna de cara nova. Além do visual, pequenas alterações "editoriais" foram - e continuarão sendo - feitas.

Desculpo-me pelos quase dois anos de abandono, uma mistura de inércia e fatores "sócio-econômicos-políticos-ambientais-intestinais-sentimentais" acabou por tomar boa parte do meu tempo livre.

Chega de desculpas e vamos ao que interessa.


Propaga-se aos quatro ventos que a profissão mais antiga do mundo seria a prostituição, caso seja, contraria a velha máxima "antiguidade é posto". Não há profissional mais mal visto (a) e injustiçado (a). Longas jornadas de trabalho, concorrência leonina, péssimas condições de trabalho (na maioria dos casos) e um mercado consumidor extremamente exigente tornam o meretrício algo estressante e muito parecido com o trabalho executivo em grandes empresas.

Dentre as competências pessoais exigidas, destacam-se:

1 Demonstrar capacidade de persuasão
2 Demonstrar capacidade de expressão gestual
3 Demonstrar capacidade de realizar fantasias eróticas
4 Agir com honestidade
5 Demonstrar paciência
6 Planejar o futuro
7 Prestar solidariedade aos companheiros
8 Ouvir atentamente (saber ouvir)
9 Demonstrar capacidade lúdica
10 Respeitar o silêncio do cliente
11 Demonstrar capacidade de comunicação em língua estrangeira
12 Demonstrar ética profissional
13 Manter sigilo profissional
14 Respeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho
15 Proporcionar prazer
16 Cuidar da higiene pessoal
17 Conquistar o cliente
18 Demonstrar sensualidade

Dentre os recursos de trabalho:

* Guarda-roupa de batalha
* Preservativo masculino e feminino
* Cartões de visita
* Documentos de identificação
* Gel lubrificante à base de água
* Papel higiênico
Lenços umedecidos
* Acessórios
* Maquilagem
Álcool
* Celular
* Agenda
(*) Ferramentas mais importantes

Reparem que para ser uma pessoa de “vida fácil” (HUM-HUM!) é necessária uma boa dose de dificuldade. Vocês devem estar pensando “esse cara inventou isso, essa ‘cartilha da prostituição’ não existe”. Ah não? Podem conferir no site do Ministério do Trabalho(http://www.mtecbo.gov.br/busca/competencias.asp?codigo=5198), está tudo lá.

Notem a semelhança das competências exigidas para as prostitutas com as competências demonstradas por nossos políticos:

Demonstrar capacidade de persuasão (vai dizer que você não acreditou quando o seu candidato disse que com ele as coisas seriam diferentes?).
Demonstrar capacidade de expressão gestual (as bananas que nos dão quando estão no poder)
Planejar o futuro (é só o que fazem quando desviam dinheiro público)
Prestar solidariedade ao companheiro (alguém pensou na absolvição de “mensaleiros” ou nas “pizzas cpísticas”?)

Peço atenção especial para todas as outras competências exigidas para as prostitutas e não demonstradas por nossos adorados políticos; claro que são sem importância e totalmente fora de moda: agir com honestidade, demonstrar ética profissional, respeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho (ah o troca-troca partidário)...
Nossos políticos poderiam adotar a “cartilha da prostituição” como referência, embora prefira não imaginar nosso presidente “demonstrando sensualidade” e muito menos “realizando fantasias eróticas”; se bem que, há muito tempo, os políticos realizam suas próprias fantasias sodomitas com o povo, e sem “gel lubrificante à base de água”...