domingo, junho 06, 2010

Samsara

Acabei de assistir um filme que me fez pensar - coisa rara nos dias de hoje - "O Solista" é uma obra emocionante e surpreendente. A surpresa fica por conta de você não esperar muita coisa do filme em seu início, mas, em quinze minutos, o em torno é esquecido e você penetra no fantástico, e louco, mundo de Nathaniel Ayers.

Mas o post não é exatamente sobre o filme, e sim uma parte dele. Na realidade um trecho de conversa onde o personagem principal afirma que "Um homem só precisa daquilo que ele pode carregar". Ok, desconsiderando o fato de que quem disse isso era louco, concordo em teoria. De fato vivemos em um mundo bem estranho. Corremos atrás de coisas sem importância, nutrimos expectativas irreais, lutamos para atingir alguns objetivos para, assim que os alcançamos, procurarmos outros ainda mais grandiosos.

Compramos demais, comemos demais, trabalhamos demais... com a idéia de que, caso façamos isso, um dia poderemos descansar e aproveitar. É loucura! A vida deveria ser simples. Nós a complicamos em demasia.

Tentei imaginar como seria a vida caso me contentasse apenas com o que posso carregar, para, logo em seguida, imaginar viver sem carregar nada. Devo admitir, a sensação foi de liberdade e paz.

Não somos felizes, temos momentos de felicidade, e é justamente a busca por aquilo que nem sequer sabemos o que é que nos tira a paz, a tranquilidade.

Somos educados desde a mais tenra idade a pensar alto, querer mais, a acreditar que a perfeição e a completude são possíveis... Pois bem, não são. O relacionamento ideal, a casa ideal, o emprego perfeito. Nada disso existe, a vida é composta de momentos e nós os deixamos passar nos "preparando para o que vier", o problema é que nunca vivemos aquilo que vem.

Também estou preso nesta roda e não vejo como sair. Gosto de planejar o futuro, gosto de consumir, sofro por problemas pequenos, antecipo o inevitável... enfim, fui bem adestrado, como você...

2 comentários:

Fernando Martins disse...

"Um homem só precisa daquilo que ele pode carregar"
Nessas horas quero ser um personagem do Spore, pois teria 8 braços e 8 mãos.
Viva o mundo porco capitalista que vivemos...
Haaaa... como eu adoro tudo isso...
Abracetas e beijundas.

verena veríssimo disse...

Eu honestamente nao sei o que comentar sobre esse segundo comentario aí (fernando martins) mas enfim, eu adorei o texto. Faz uma reflexão que eu (com minha mente capitalista, egoísta, egocentrica, objetivista e incontentavel) não conseguiria ter sozinha. Sim, sou incrivelmente bem adestrada...bgsbgs