É impressionante a fragilidade do corpo humano. Seres microscópicos penetram em seu corpo, armados até os dentes – mesmo não os possuindo – para a conquista de um novo território. Normalmente nosso “exército pessoal” acaba por vencer a batalha, mas somos cruelmente torturados enquanto o “inimigo oculto” realiza seus ataques. Não falo do sofrimento físico e sim psicológico, que acaba por tornar o primeiro uma espécie de “passeio no parque”.
Pois bem, estou passando exatamente por este momento. Minhas defesas estão tentando derrotar um exército invasor. Enquanto uma batalha de proporções épicas ocorre dentro de mim, sou obrigado a me colocar em estado semivegetativo. Deitado, enrolado em um lençol e assistindo televisão. E é justamente neste ponto que a tortura começa. Infelizmente não possuo T.V a cabo – o que, agora vejo, não é luxo, e sim necessidade – portanto, tento entreter-me com os canais abertos.
Controle remoto na mão e bola pra frente. Filmes, jornais, novelas e programas de auditório (não me censurem, a necessidade é a mãe do desespero e não da invenção). Em meio ao tour televisivo me deparo com um programa de uma “conhecida” apresentadora, com vários convidados igualmente “conhecidos” discutindo como se ter uma vida mais saudável. “Opa, estou doente e dou de cara com um programa sobre saúde, é um sinal!”. Delírio, provavelmente provocado pela febre, agora eu sei. Um homem careca vestido como “professor” de academia de ginástica dava sua opinião:
- Em primeiro lugar: não fumem! Isso acaba com a vida de qualquer um!
Impressionado com a ênfase do aviso – ou melhor, ordem – apaguei o único prazer que me restava.
- Não bebam!
E eu parei de pensar nas cervejas que me esperavam após a recuperação.
- Comam pouco sal, pouquíssimo açúcar, evitem a gema do ovo, comam apenas a clara. Cortem a carne vermelha, troquem o refrigerante por sucos naturais, fujam do café, pratiquem exercícios regularmente, usem camisinha, comam frutas e abominem as frituras!
Pronto, além de doente estava deprimido, totalmente impossibilitado de realizar qualquer esforço, até mesmo trocar de canal. A apresentadora resolveu se manifestar:
- Também é bom não forçar muito a vista né? Não é aconselhável ler muito esses livros que têm a letra muito pequenininha...
Foi a gota d’água. Reuni forças e acionei o controle remoto. Um homem gordo, de bigode com um copo de cerveja na mão falando:
- Aqui tem café no bule!
Acendi um cigarro e me senti bem melhor...
Pois bem, estou passando exatamente por este momento. Minhas defesas estão tentando derrotar um exército invasor. Enquanto uma batalha de proporções épicas ocorre dentro de mim, sou obrigado a me colocar em estado semivegetativo. Deitado, enrolado em um lençol e assistindo televisão. E é justamente neste ponto que a tortura começa. Infelizmente não possuo T.V a cabo – o que, agora vejo, não é luxo, e sim necessidade – portanto, tento entreter-me com os canais abertos.
Controle remoto na mão e bola pra frente. Filmes, jornais, novelas e programas de auditório (não me censurem, a necessidade é a mãe do desespero e não da invenção). Em meio ao tour televisivo me deparo com um programa de uma “conhecida” apresentadora, com vários convidados igualmente “conhecidos” discutindo como se ter uma vida mais saudável. “Opa, estou doente e dou de cara com um programa sobre saúde, é um sinal!”. Delírio, provavelmente provocado pela febre, agora eu sei. Um homem careca vestido como “professor” de academia de ginástica dava sua opinião:
- Em primeiro lugar: não fumem! Isso acaba com a vida de qualquer um!
Impressionado com a ênfase do aviso – ou melhor, ordem – apaguei o único prazer que me restava.
- Não bebam!
E eu parei de pensar nas cervejas que me esperavam após a recuperação.
- Comam pouco sal, pouquíssimo açúcar, evitem a gema do ovo, comam apenas a clara. Cortem a carne vermelha, troquem o refrigerante por sucos naturais, fujam do café, pratiquem exercícios regularmente, usem camisinha, comam frutas e abominem as frituras!
Pronto, além de doente estava deprimido, totalmente impossibilitado de realizar qualquer esforço, até mesmo trocar de canal. A apresentadora resolveu se manifestar:
- Também é bom não forçar muito a vista né? Não é aconselhável ler muito esses livros que têm a letra muito pequenininha...
Foi a gota d’água. Reuni forças e acionei o controle remoto. Um homem gordo, de bigode com um copo de cerveja na mão falando:
- Aqui tem café no bule!
Acendi um cigarro e me senti bem melhor...